Como faço versos
Faço poemas contidos
e polemizo com outros
cuja insistência estridente
me agasta.
Faço poemas enxutos
encorpados de quês.
Poemas duros
pés no chão e penedos
de existência hostil e revolta
como quem diz basta
ao pelego.
Faço poemas secos
ferrugem e flor de plátano
enfeixada ao chão
buquê de folhas e punhos trêmulos.
Meus poemas têm dentes à mostra
travas garrotes dormentes
entregam seiva em cristal
e a energia vital da floresta e do graveto.