Poetinha

Carbono diário

 

Entre carbonos e latas

viver obstinada sede

entre tudo que se arrasta

menino   pássaro   bicicleta

e o céu

diminuto céu

dos perfumes diários.


Entre rumores e cacos

a umidade

no fabril indesejável

braço   abraços da cidade.


Entre folhagens de angústia

catedrais e pólvora

viver um dia

e outro e mais setenta e três

sem conhecer a claridade

das horas.